Vazamentos revelam trama jurídica da Lava Jato contra Jaques Wagner
O procurador do Ministério Público e coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol queria acelerar ações de busca e apreensão contra o ex-governador da Bahia e atual senador Jaques Wagner (PT) no segundo turno das eleições de 2018, mostram novas conversas vazadas obtidas pelo site The Intercept Brasil.
As informações são da colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo. Com Fernando Haddad e Bolsonaro em guerra eleitoral, Dallagnol dizia aos colegas: “É agora ou nunca”. Para o procurador, valeria fazer busca e apreensão sobre o político “por questão simbólica”.
No dia em que ocorreram os diálogos, 24 de outubro de 2018, o juiz Sergio Moro já era cotado para virar ministro de Jair Bolsonaro —que disputava com Fernando Haddad (PT-SP) o segundo turno das eleições.
Em uma das conversas, Deltan pergunta: “Caros, Jaques Wagner evoluiu? É agora ou nunca… Temos alguma chance?”.
Um procurador identificado como Athayde (provavelmente Athayde Ribeiro Costa) responde: “As primeiras quebras em face dele não foram deferidas”. Mas novos fatos surgiram e eles iriam “pedir reconsideração”.
“Isso é urgentíssimo. Tipo agora ou nunca kkkkk”, escreve Deltan. Athayde diz que “isso não impactará o foro”. Deltan responde: “Não impactará, mas só podemos fazer BAs [operações de busca e apreensão] nele antes [da posse]”.
Uma procuradora pondera que o petista já sofrera uma busca: “Nem sei se vale outra”. Deltan responde: “Acho que se tivermos coisa pra denúncia, vale outra BA até, por questão simbólica”. E completa: “Mas temos que ter um caso forte”.
Athayde informa que seria “mais fácil” Wagner aparecer “forte” em outro caso, e Deltan finaliza: “Isso seria bom demais”.
A assessoria da Lava Jato informou a colunista que “o material não permite constatar o contexto e a veracidade do conteúdo.
Com informações da Folha de São Paulo