Comunidade

Família e amigos se despedem de Barata Show morto com leptospirose

Instrutor e coreógrafo do FitDance morreu nesta quarta, vítima de leptospirose e insuficiência renal

“Barata conseguia transformar o triste no alegre”. Foi com essa frase que o professor Jader Santos, um dos coreógrafos do FitDance, descreveu o amigo Cleidson Salustiano Francisco dos Santos, 37 anos, conhecido por todos como Barata. Ele foi enterrado nesta quinta-feira (18), no Cemitério Campo Santo, na Federação, sob fortes aplausos e música, após morrer vítima de leptospirose nesta quarta-feira (17).

Na capela 8 do Campo Santo, uma multidão – com bonés, camisas e acessórios do FitDance – estava reunida para prestar a última homenagem ao amigo. Um dos sócios do Centro de Estudos FitDance (CEF), do qual o instrutor e coreógrafo fazia parte há 3 anos e meio, Mestre Nonga, disse que, quando Barata chegava no QG da empresa, “o astral de todo mundo mudava”.

“Imagine um ser humano diferenciado, que transmitia alegria, humildade. Ele era um dos melhores instrutores do FitDance. Fica, para a gente, a imagem de uma pessoa alegre, humilde, que amava a dança e a vida. O sorriso dele vai ficar sempre guardado em nossa memória”, disse ele.

E o sorriso de Barata era uma das características mais marcantes do coreógrafo. Para o professor Jader, o amigo “era um fenômeno, um ponto fora da curva”.

O assessor do FitDance e amigo de Barata, Jiovani Soeiro, descreveu ele como alguém que estava sempre disposto a ajudar o outro.

“Barata era um cara que o tempo inteiro vestia a camisa da empresa e estava disposto sempre a ajudar. É mais uma pessoa muito do bem que a gente perde. Ele estava o tempo todo sorrindo, ajudando, disposto a colaborar e somar”, destacou o amigo. Ainda segundo Jiovani, nos últimos dias de vida, quando já estava em coma no hospital, Barata conseguia sentir a presença de amigos e familiares.

“Nos últimos dias, a resposta que a gente tinha dele eram os batimentos cardíacos mais acelerados e fortes quando as pessoas queridas estavam perto. A gente sentia que ele ficava mais feliz por ter quem ama ali por perto. O que fica é a alegria dele, deixando a mensagem de que a vida é para ser vivida de uma forma mais leve”, contou.

‘Barata Show’
Unanimidade entre os amigos, o sorriso largo e a alegria de Barata eram inconfundíveis. O professor Jader, que o definiu como um fenômeno, disse que ele era o “Barata Show” e que fazia questão de levar essa alegria para as aulas, alunos, colegas e amigos do FitDance.

Por isso, durante o enterro do instrutor, além de cânticos religiosos durante o cortejo, a multidão que acompanhou o sepultamento com rosas brancas nas mãos, pediu para que o momento fosse de muita música. “É assim que ele gostaria de nos ver, cantando os pagodes que ele tanto gostava”, disse um amigo.

E não faltaram aplausos para Barata, que se misturaram com as palmas no ritmo das músicas cantadas durante e cerimônia. Uma delas foi ‘Saudade de Você’, da banda Filhos de Jorge. Em coro, todos cantaram (e se perguntaram): “E o que é que eu vou fazer com essa saudade? Oh, saudade de você”.

E foi com esse sentimento de saudade, ainda dolorido pela tristeza da perda, que familiares, amigos e fãs se despediram de Barata nesta quinta-feira (18). Para todos, vão ficar o sorriso largo e a forma leve dele encarar a vida. Instrutor e coreógrafo na empresa FitDance há 3 anos e meio, Barata foi vítima de leptospirose, tendo desenvolvido, por causa da doença, insuficiência renal e hemorragia. Ele morreu nesta quarta (17), no Hospital Couto Maia, onde estava internado.

Doença
Com suspeita de resfriado e de Chikungunya, Barata nem chegou a descobrir a doença que tinha, já que entrou em coma um dia antes de morrer. Segundo amigos do instrutor, os primeiros sintomas apareceram no dia 31 de março. Com queixas de dor e febre, o coreógrafo procurou atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Brotas, onde recebeu atendimento médico, foi medicado e liberado.

Como não apresentou melhora e a dor piorou, ele retornou à unidade médica no dia 3 de abril. Tomou uma injeção para dor e foi levantada por médicos a hipótese de Chikungunya, mas nenhum exame de sangue chegou a ser feito para comprovar o vírus. Barata continuou, então, a tomar remédios para dor.

O CORREIO teve acesso a uma mensagem enviada por Barata em um grupo de WhatsApp, no dia 6 de abril. No texto, ele relatou aos alunos que estava infectado pela doença. “Boa noite, galera. Fui diagnosticado com Chikungunya. Estou fazendo tratamento com medicamentos e, se melhorar, já na segunda eu volto direto para a aula”, escreveu.

O tratamento para a doença só começou, de fato, no dia 10 de abril, quando, ainda na UPA, Barata recebeu o diagnóstico da leptospirose. Essa doença é causada por uma bactéria chamada Leptospira, presente na urina de alguns animais. Embora geralmente associada aos ratos, a transmissão pode ocorrer por contato direto ou indireto também com a urina de outros animais, como bois, porcos, cavalos, cabras e até cães.

Ao saber do diagnóstico, os médicos indicaram que ele fosse transferido para o Instituto Couto Maia, em Águas Claras, referência no tratamento da doença. “Ele recebeu um atendimento maravilhoso lá, mas desenvolveu insuficiência hepática aguda durante o processo e não resistiu”, contou um amigo do coreógrafo. A morte foi confirmada por volta da 1h de manhã desta quarta (17).

Os sintomas da leptospirose e da Chikungunya, segundo o infectologista e professor da Faculdade Bahiana de Medicina, Robson Reis, são parecidos. Segundo ele, ambas as doenças manifestam sintomas como febre alta, dor no corpo e na cabeça.

As informações são do Jornal Correio da Bahia

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