Chapada do Rio Vermelho é o 5º bairro mais negro de Salvador, aponta IBGE
Uma pesquisa inédita realizada pelo IBGE revelou dados importantes sobre a composição racial dos bairros de Salvador. O bairro da Chapada do Rio Vermelho ocupa o 5º lugar entre os bairros com maior população negra na capital baiana, evidenciando a forte presença e representatividade da comunidade negra na região.
Os números reforçam a identidade cultural de Salvador, uma cidade reconhecida como o maior território negro fora da África. A Chapada do Rio Vermelho, conhecida por sua história, tradições e dinâmica social, reflete essa riqueza cultural em seu cotidiano.
Segundo especialistas, a concentração de pessoas negras em bairros como a Chapada está relacionada a fatores históricos e sociais, como as raízes das comunidades de trabalhadores que participaram da construção da cidade e as manifestações culturais que ainda resistem e se reinventam nesses espaços.
Além disso, o bairro se destaca por suas expressões artísticas e culturais ligadas à herança afrodescendente, seja nos grupos culturais, nas práticas religiosas, ou na gastronomia local. Esse cenário torna a Chapada do Rio Vermelho não apenas um local de moradia, mas também um território vivo de preservação e celebração da cultura negra.
A pesquisa do IBGE não apenas traz luz à demografia de Salvador, mas também incentiva o reconhecimento e a valorização dessas comunidades, que são essenciais para o tecido social e cultural da cidade. De acordo com Mariana Viveiros, supervisora de Disseminação de Informação do IBGE, o que acontece na capital baiana é reflexo do que ocorre também nos outros municípios da Bahia e tem origem na ocupação histórica do território.
“[A história da ocupação tem] raiz na colônia e na época da escravidão. Quando vemos o Censo de 1892 e notamos a população por cor ou raça, as categorias eram iguais, só não tínhamos a classificação de indígenas e amarelos. A distribuição da Bahia por cor e raça, naquela época anterior à abolição da escravatura e ainda no Brasil Império, tinha a população parda como majoritária, seguida da preta e da branca. Ou seja, o estado se povoou quase inteiramente por escravizados e isso é o que explica esse peso demográfico”, afirma.
Em primeiro lugar foi Ilha de Maré, que tem 97% da população composta por pessoas negras, de acordo com levantamento inédito do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre os bairros da capital baiana, com base no Censo 2022.
Dos 3.916 moradores de Ilha de Maré, apenas 136 pessoas não se autodeclaram pretas ou pardas. Os demais bairros de Salvador com os maiores percentuais de moradores negros são: Nova Constituinte, com 8.760 moradores (93,51%); Lobato, com 24.216 moradores (93,33%); Calabetão, com 6.877 moradores (93,29%); Engenho Velho da Federação, com 18.526 moradores (93,27%); Chapada do Rio Vermelho, com 18.666 moradores (92,84%); Cassange, com 7.591 moradores (92,77%); Cajazeiras VII, com 3.522 moradores (92,68%); Santa Luzia, com 5.227 moradores (92,64%); e São João do Cabrito, com 18.319 moradores (92,48%).
A Chapada do Rio Vermelho segue como um símbolo de resistência e de orgulho para os moradores e para toda Salvador.
Foto: Dener Black/ArquivoOqueFazernoNordeste
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