[DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES] Síndrome da Mulher Maravilha – O que é?
É claro que somos maravilhosas e não haverá aqui palavra que negue, discorde ou duvide disso. Somos fortes, espertas, inteligentes e possuidoras de uma capacidade absurda de estar em vários locais ao mesmo tempo. Sabemos ajudar os nossos filhos na pesquisa da lição de casa ao mesmo tempo em que compramos, via internet, aquele medicamento importante para a nossa mãe e, tudo isso, sem sair da esteira da academia.
Desconfio de quem duvida dessa interessante habilidade que possuímos em conseguir cuidar (muito bem, obrigada) das várias situações que caem no nosso colo durante o dia e, ainda assim, continuar seguindo o baile da boa mãe, profissional engajada, aluna exemplar, amante ardente e rata de academia. Sabe quando dizem ser impossível assobiar e chupar cana ao mesmo tempo? Essa é uma afirmação desatualizada e não cabe mais, há muito tempo, na realidade de nós mulheres, né?
Tantas obrigações, tantos lugares que fizeram de nós peça fundamental pra funcionar, tantas atividades nas quais achamos ser fundamentais para que funcionem… e, záz… em alguns momentos somos pegas, “de surpresa” pela exaustão e aquela sensação horripilante de que, afinal, não damos conta de tudo.
Ser “mulher maravilha” entrou, há algum tempo, no hall de modelitos cobiçados por todas nós…e como gostamos de estar na moda, não foi difícil incorporar a ideia de que conseguimos ser “perfeitas”, que “vai dar tempo pra fazer tudo, sim”, que qualquer coisa “é só acordar uma horinha mais cedo e ir dormir uma horinha mais tarde”.
O excesso virou regra e, como acontece com tantas outras coisas historicamente construídas, passamos a achar normal permanecer constantemente ligadas no 220, acreditar que não existe espaço possível fora dessa redoma de perfeição que ajudamos a construir e que qualquer sinal de fraqueza é, por fim, demonstração de fracasso absoluto.
Muito falamos sobre o sobrepeso (infelizmente mais por conta da questão estética do que pelo zêlo com a saúde) mas pouco comentamos acerca das sobrecargas e, nesse cenário, a chamada Síndrome de Burnout vem tomando proporções cada vez maiores.
Esse distúrbio tem como algumas de suas principais características, o cansaço profundo, desânimo geral e sensação de fadiga constante, dificuldade de raciocinar e tomar decisões sobre coisas simples. Por consequência, acaba gerando ansiedade, preocupações crescentes, alteração no sono, irritabilidade e, por fim, aquela tristeza gerada pelo sentimento de incapacidade. Se não observada e tratada com clareza, pode levar ao aparecimento de transtornos mentais e doenças físicas.
Em relatório feito com base em 20 mil entrevistas, o Medscape Physician Lifestyle Report liberou, em 2016 resultados que apontavam as diferenças quantitativas da Síndrome de Burnout por um viés de gênero e o resultado foi: depois de analisarem 183 estudos, em 15 países, descobriram que a cada 460 homens com burnout, haviam 540 mulheres afetadas pela mesma síndrome.
É claro que somos maravilhosas e não haverá aqui palavra que negue, discorde ou duvide disso mas precisamos, urgentemente, abrir espaço, na nossa agenda lotada, para nos despir de toda essa perfeição que esperam da gente e, principalmente, que nós mesmas esperamos de nós.
Não podemos esquecer aquela sugetão, de vida ou morte, que muitas aeromoças diariamente, ensinam. Quando qualquer problema acontecer, antes de ajudar a salvar a vida da pessoa que está do nosso lado, é importante colocar a máscara de oxigênio na gente mesmo.
E, por fim, a mulher imperfeita que há em mim saúda e honra a mulher imperfeita que há em você.