Salvador

Carnaval da Cultura celebrou os 220 Anos da Revolta dos Búzios no Pelourinho e nos blocos do Ouro Negro

O Carnaval do Pelô reafirmou o seu local como o carnaval da diversidade e mostrou números que impressionam

O Carnaval da Cultura levou muito mais do que folia e diversão para os três principais circuitos da folia baiana. Com o tema “220 Anos de Revolta dos Búzios – Igualdade e Liberdade”, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura, utilizou o período carnavalesco como uma oportunidade de reflexão, de se pensar politicamente e também transmitir o aprendizado acerca deste acontecimento histórico e dos quatro heróis que o simbolizam: João de Deus, Luís Gonzaga, Manuel Faustino e Lucas Dantas.

 

Seja com referências mais diretas, como os elementos decorativos acerca do tema que atraíram os milhares de visitantes que passaram diariamente no Pelô, na beleza e resistência dos blocos afro participantes do projeto Ouro Negro, que desfilaram em todos os circuitos da festa, ou mesmo na diversidade de manifestações culturais e no canto de várias gerações, ecoando nos palcos e nas ruas do Centro Histórico, os ideais de Igualdade e Liberdade se fizeram presentes a todo o momento na programação do Carnaval da Cultura.

 

Pelourinho vivo

 

O Carnaval do Pelô reafirmou o seu local como o carnaval da diversidade e mostrou números que impressionam. Foram mais de 200 apresentações artísticas ao longo de seis dias da folia, que teve início na quinta-feira, com o 3º Encontro de Microtrios e Nanotrios no Terreiro de Jesus, e abertura oficial na sexta-feira de Carnaval, com o belíssimo show de Lazzo Matumbi com as participações de Iracema, vocalista do Ilê Aiyê, de Lazinho, cantor do Olodum, e do ator Dody Só, unidos num ato musical, cultural e político em homenagem aos 220 anos da Revolta dos Búzios. Relacionando tudo o que aconteceu nos palcos e nas ruas, foram contabilizadas mais de 400 horas de música, performances, desfiles e manifestações. Entre tantos músicos, cantores e performers envolvidos a cada apresentação, estima-se que mais de 1.200 artistas tenham participado ativamente da programação do Pelô, sendo destes, cerca de 400 artistas de rua.

 

“O Carnaval do Pelô se destaca como o mais democrático entre os circuitos. Todas as atrações sem cordas, de portas abertas, para todos os ritmos, idades e tribos. E neste ano viemos com uma temática maravilhosa, necessária, lembrando dos 220 Anos da Revolta dos Búzios. Foi um desafio e é uma grande conquista saber que houve uma adesão e as pessoas vieram não só pra curtir, mas também para saber mais deste fato histórico tão importante para todos que lutam contra a desigualdade e a favor da liberdade de ser, de se expressar”, reflete a secretária de Cultura da Bahia, Arany Santana, que garante que a tradição da folia no Centro Histórico está a cada ano mais forte. De fato, isto foi comprovado por milhares de pessoas que diariamente lotaram o Pelourinho em busca de suas opções mais diversas e democráticas. Um destaque foi a noite de domingo, quando os fãs do BaianaSystem fizeram deste o show mais cheio da banda em todas as suas participações no Carnaval do Pelô.

 

O palco principal da folia foi mais uma vez localizado no Largo do Pelourinho, cenário que neste ano se mostrou ainda mais pertinente, pois se num momento triste da nossa história este foi um local de dor e sofrimento, hoje reconfigura-se como um espaço de afirmação e resistência do povo negro. Por meio do Projeto 03 Artistas, modalidade do edital Pelô/Pipoca da SecultBA que neste ano selecionou nove shows participantes, a juventude negra se viu representada no encontro de Luedi Luna, Xênia França e Afrocidade, e também reverenciou nomes como Mateus Aleluia, que tocou junto com Ana Mametto e Rita Beneditto, e Riachão, que aos 96 anos, recebeu a homenagem e se apresentou junto a Ana Paula Albuquerque e Paulinho Timor e os Bambas do Samba.

 

Recebendo o primeiro Carnaval após as reformas e requalificações que ocorreram no último ano, os largos Pedro Archanjo, Tereza Batista e Quincas Berro d’Água também foram espaços vivos e movimentados durante os seis dias da folia, trazendo orquestras, bailes infantis, atrações de samba, axé, reggae, hip-hop, guitarra baiana, pop rock, arrocha. Foram mais de setenta atrações que passaram por esses palcos.

 

Microtrios, bandões e performances encantam as ruas

 

Cada vez mais integrado ao Carnaval do Pelourinho, quase todos os microtrios e nanotrios do projeto Pipoca realizaram no Terreiro de Jesus os dois desfiles apoiados pela SecultBA. Dessa forma, os foliões tiveram a oportunidade de aproveitar as apresentações com maior comodidade e tranquilidade, sem perder em nada nos quesitos diversão e animação, que permaneceram em tamanho G. Foram sete microtrios e quatro nanotrios apoiados por meio do projeto, que trouxeram temas diferentes desde a nostalgia dos antigos carnavais até histórias de luta e de resistência, impressionando em beleza e qualidade.

 

As ruas do Pelourinho novamente deram um show! Através do projeto de Carnaval das Ruas do Pelô, diversos grupos e bandas que dificilmente tem apoio em seus desfiles recebem o estímulo para continuarem mantendo essa tradição tão importante para a história do Carnaval da Bahia. Incansavelmente espalhando alegria, arte e musicalidade pelas ruas, foram realizadas no total 89 saídas durante os dias da folia, passando pelas ruas, vielas e ladeiras, totalizando 235 km percorridos sem faltar disposição.

 

Entidades de Matriz Africana são os destaques do Carnaval – No Carnaval de 2018 o Programa Ouro Negro celebra 10 anos de existência. E neste período, mais de 160 entidades já foram contempladas, totalizando mais de R$ 50 milhões investidos. Na edição deste ano, 91 entidades participam do programa, recebendo mais de R$ 6 milhões e com um impacto direto na vida de mais de dez mil pessoas. “Eu vi, neste ano comemorativo do Ouro Negro, uma evolução no que tange a organização no desfile e na estética das roupas e alegorias. Chegamos a um estágio bem melhor do que aquele que encontramos no início do projeto. Assim, encerramos a edição de dez anos deste projeto com chave de ouro”, orgulha-se a secretária de Cultura, Arany Santana.

 

Nas seis noites de festa, dentre os trios que desfilaram no circuito tradicional, os toques do afro, do afoxé ou do samba ou do reggae formaram a maioria na Avenida. Esta presença massiva de elementos da cultura negra é o resultado do trabalho realizado nos últimos dez anos pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Cultura, de programar e investir no projeto Carnaval Ouro Negro. É através dele que as entidades de matriz africana recebem o aporte financeiro que contribui para que as agremiações realizem os seus desfiles.

 

Ela conta também que os blocos de Samba deram um verdadeiro show na avenida. “O Alerta Geral, o veterano, trouxe seus convidados e percebemos a aceitação dos seus associados. O Alvorada também deu seu show e junto com os demais blocos mostraram a força do Samba no Carnaval da Bahia”, disse com entusiasmo a secretária.

 

Do total, aproximadamente 60 entidades desfilam no circuito Osmar, cinco descem para o circuito Dodô/Barra e cerca de 50 entidades fazem seu carnaval pelo circuito Batatinha. O destaque do projeto é o fortalecimento do segmento samba que hoje é o segmento que tem mais entidades contempladas – ao todo 37 blocos e uma mistura entre os mais conhecidos do ritmo no carnaval como Alerta Geral, Reduto do Samba, Alvorada e Amor e Paixão e outras entidades ainda tímidas, como O Mangue e Carnapelô. Para o presidente da União de Entidades de Samba (Unesamba), José Luís Lopes, mais conhecido como “Zé Arerê”, é uma vitória conseguir apoio para levar um bloco de samba para avenida. “Graças ao Ouro Negro conseguimos trazer o nosso brilho. Essa é a Quinta do Samba e não vamos permitir que os blocos arriem as cordas!”, disse Zé.

 

Nesta mesma linha está o segmento afro, com 32 entidades apoiadas como Cortejo Afro, Ilê Aiyê, Olodum, Afro Muzenza, entre outros e que recebem recursos que variam entre 35 mil reais e 300 mil reais. Esta também é faixa de valor de apoio para o segmento de afoxé, que teve 18 entidades apoiadas para seus desfiles. O Ouro Negro também apoiou quatro entidades de reggae do carnaval de Salvador, que desfilaram no circuito e juntos totalizam um investimento de 225 mil reais. Já no segmento de blocos de índio, o Commanches do Pêlo desfilou apresentando a dança e o colorido dos cocares e animados por conta do Samba do Pretinho.

 

Ações 220 Anos de Revolta dos Búzios

 

Para ajudar a propagar o conhecimento acerca da Revolta dos Búzios, a SecultBA realizou também ações nas redes sociais, como os perfis históricos que contavam o que se conhece da biografia de cada um dos heróis da luta, e ainda a distribuição de ventarolas (abanadores) nas ruas e pontos comerciais do Pelourinho, trazendo QR Code que dava acesso a um conteúdo exclusivo sobre o acontecimento histórico, além de também os perfis dos heróis.

 

Pelo valor simbólico, histórico e cultural do seu tema, o estímulo ao trabalho dos artistas, a diversidade de atrações, e a forte adesão do público que compareceu em massa em todos os dias da programação, o Carnaval da Cultura (Pelô, Pipoca e Ouro Negro) encerra a sua edição 2018 com sucesso e um balanço positivo. O que se espera é que os ideais de Igualdade e Liberdade defendidos por João de Deus, Luís Gonzaga, Manuel Faustino e Lucas Dantas permaneçam na mente dos baianos e dos visitantes de fora que puderam conhecer estes nomes e a diferença que fizeram na história do povo negro. Para tanto, novas ações pensadas para dar prosseguimento às homenagens aos 220 Anos de Revolta dos Búzios estão sendo planejadas, junto à comissão instituída pela Secretaria de Cultura por meio da Fundação Pedro Calmon, e serão em breve divulgadas.

Fonte Secom

Foto Divulgação

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